sábado, 16 de junho de 2012

Coisa de irmão

Fácil saber apenas pelo olhar qual dos dois irmãos sofre.
 
Sentados na frente da mãe, que não desgruda o olhar, eles se parecem e se reconhecem, mas um deles carrega aquele olhar voltado para o chão, silencioso, quase sem movimentos. Bem diferente do sadio que percebe a todos que entram na sala de espera da radioterapia, atento ao celular e ao irmão ao lado, que por muito pouco estaria com a cabeça no ombro amigo.
 
Os três formam uma família e se apoiam mutuamente. Visualizo a certeza de como a família é importante para a cura e tratamento de câncer. Principalmente quando o irmão doente é bem jovem, bonito, com gosto para se vestir e usar o relógio, a bermuda de grife, a sandália confortável. Deve ter no máximo 19 anos.
 
Que merda!
 
O silêncio entre os três é comovente, conversam pelo olhar até quando o filho paciente retira dos frascos alguns remédios. O irmão fica ao lado para dar o sustento físico, a mãe imediatamente sai para buscar o copo d'água.
 
E aí acontece o milagre, a mudança. Tudo repentinamente.
 
O irmão sadio coloca o braço atrás do doente, aperta e sacode aquele corpo que parece desabar. Como a dizer, "Ei, cara, estou aqui, não vou deixar você cair".
 
E o outro, até então apático, responde com um sorriso, acredito o mais aberto e agrdecido que pode oferecer no momento.
 
E a vida parece se iluminar.
 
Coisa de irmãos.

2 comentários:

  1. Bom ter boas notícias suas, muito bom!! Sei bem da importância da família e dos amigos mais chegados nessas horas de agonia. Lembrei dos conselhos da minha médica, Dra.Roberta Torreão:"quem tem que ser tratado é o paciente, não o câncer. Este vem junto." Não esqueço jamais deste incentivo. Repasso na certeza da valia. João chegou e vai te procurar. Conte com a gente. Beijos,companheiro :)

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  2. Minha querida, bom é saber de você, de seus conselhos, de sua vivência. A doutora Roberta Torreão é sábia e prudente. O repasse valeu, mesmo! Beijos, companheira!

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