domingo, 18 de novembro de 2012

A dor que não passa

O livro Últimas palavras (Globo Livros), de Christopher Hitchens, é um murro no estômago do paciente de câncer.
O autor, que começou a escrevê-lo ao ser diagnosticado com um câncer no esôfago, morreu da doença.
Nele, o autor descreve a sua luta contra a doença e como se manteve fiel às suas convicções filosóficas e políticas. Ele foi um dos intelectuais mais influentes das últimas décadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde nasceu.
Polemista brilhante e intransigente defensor do ateísmo, foi um jovem de esquerda que se alinhou, na maduridade, aos conservadores republicanos. Foram sucesso de audiência e leitura seus embates com o ex-secretário de Estado (EUA) Henry Kissinger e até com Madre Teresa de Calcutá, já que achava que a religião era fonte de grande parte da tirania no mundo.
Morreu em 2011, um ano e meio depois de descobrir que tinha câncer.
Christopher Hitchens dizia: "O fato fascinante sobre estar mortalmente doente é que você passa bastante tempo se preparando para morrer com um bocadinho de estoicismo (e de provisões para os entes queridos), enquanto está simultânea e altamente interessado na questão da sobrevivência".
A clarividência sobre a doença por parte do paciente, no entanto, se torna até incômoda, agressiva e mal-educada (oras!) quando ele, afinal, vaticina: "Não estou lutando ou batalhando contra o câncer - ele está lutando contra mim".
Amém!